O livro de Rute (seu nome significa amizade)

Conta-nos a seguinte história:

Numa época de fome, um homem de Belém de Judá chamado Elimeleque abandonou sua cidade, juntamente com sua esposa Noemi e seus filhos Maalon e Ouelion; foi para a terra de Moabe . Nesta Elimeleque faleceu e, pouco depois, faleceram também os dois filhos, que tinham esposado as moabitas Orpa e Rute.

Noemi então decidiu voltar a Belém; as duas noras quiseram acompanhá-la, mas a sogra as dissuadiu. Orpa acabou retirando-se, mas Rute fez questão de seguir Noemi até Belém (c.1).

Em Belém, Rute, querendo atender às necessidades da sogra, foi colher espigas num campo; soube mais tarde que tal campo pertencia a um parente próximo de Elimeleque, chamado Boaz. Este se interessou fortemente pela moabita (c. 2).

Noemi viu que poderia suscitar uma descendëncia legal a Elimeleque e Maalon se recorresse à lei do levirato cf. Dt 25,5-10)

Por isto mandou que Rute informasse Boaz a respeito do dever de esposar a moabita; Boaz aceitou a idéia, mas observou que havia um parente ainda mais próximo, cujo direito era prioritário (c. 3)

Este, porém, renunciou solenemente, de modo que Boaz esposou Rute; desta união nasceu um filho, que legalmente era filho e herdeiro de Elimeleque. Noemi, mãe legal da criança, deu-Ihe o nome de Obede e encarregou-se de criá-lo; Obede tornou-se o pai de Jessé, pai do rei Davi (c. 4).

A principal finalidade do livro é transmitir uma história edificante referente às origens da família de Davi. Este teve entre os seus antepassados uma moabita, isto é, um membro de um povo que por séculos se mostrou hostil a Israel (cf. Gn 19,30-37; 2 Rs 3,4-27);

O livro, portanto, se opõe a um nacionalismo exagerado que sempre marcou os filhos de Israel; ensina a universalidade da salvação preparada por Deus para todos os homens (cf. Rt 2,12). Mateus, ao descrever a genealogia de Jesus, filho de Davi, fez questão de mencionar Rute entre os antepassados do Messias (cf- Mt 1,5), para significar que este não é filho apenas de israelitas, mas tem sangue de não israelitas e, por conseguinte, é o Salvador não só dos judeus, mas de todos os homens.